Definição
Oxum é Orixá de pura sensibilidade. É o Amor em ação, concebe a vida em todos os sentidos. Traz a abundância material (riqueza) e a espiritual.
Dona das águas doces, na África (Nigéria) é a divindade do rio Oxum.
Senhora da fertilidade, da gestação e do parto, cuida dos recém-nascidos, lavando-os com suas águas e folhas refrescantes. Jovem e bela mãe, mantém suas características de adolescente. Ela é a padroeira da fecundidade, dos bebês, da beleza, do amor e da prosperidade.
Seu ponto de força na natureza são as cachoeiras e rios. Ela é afetuosa e nos ampara com fluidos regeneradores. Um banho de cachoeira nos libera energia e magnetismo que desagregam as energias negativas acumuladas no espírito, regenerando nossa aura, nos purificando.
Oxum irradia o amor em todos os sentidos: amor divino e universal, amor maternal e da concepção, amor fraternal e de união.
Em Oxum o elemento água predomina e o fogo é ausente ou fraco. Portanto o amor que transborda em sua essência traz a sensibilidade e a preocupação com os outros. O coração é um de seu símbolo e ela faz jus a isso, trabalha com os sentimentos e as emoções em todas as nossas relações.
A analogia com o espelho que Oxum carrega traz o resgate do amor-próprio, do bem querer de si mesma, dos valores internos, do cuidar de si primeiro para depois cuidar dos outros. É valorizar nossa beleza interior que nos fortalece a trabalhar nossa alma, se olhar pra dentro dos olhos através do nosso reflexo, buscando nossa riqueza interior, trabalhando nosso mundo próprio. Aí sim, com esse mundo revelado, trazê-lo à tona para o mundo real, concreto, agindo com amor, serenidade, doçura e sabedoria, influenciando todos ao redor.
Podemos dizer que Oxum nos da um legado de como o amor é o maior e melhor sentimento que se pode experimentar, pois cultivar o amor próprio é colocar-se em primeiro lugar em sua própria vida, mesmo sendo mãe amorosa e esposa dedicada. Oxum nunca deixou de se tratar bem. De se enfeitar e se admirar (espelho), nunca se abandonou em função dos outros (filhos, marido, trabalho). Por isso sempre teve um amor transbordante por todos os que estavam sob os seus cuidados, cultivando – o constantemente e sempre praticando consigo mesma.
Podemos afirmar que como a água, Oxum contorna os obstáculos a fim de resolver suas questões sem a necessidade de confrontos de frente, assumindo a flexibilidade e criatividade feminina na busca de soluções.
Oxum está intimamente ligada à magia, ao feitiço. É a divindade africana mais ligada às Yámi Oxorongá (feiticeiras; bruxas). Com elas aprendeu a arte da magia. A magia está presente em quase tudo que fazemos, principalmente no que se refere ao coração, ao sentimento. Oxum é o encanto desses momentos, sua presença se dá nessas horas.
Arquétipo – Características das filhas de Oxum
As filhas de Oxum têm como característica serem benevolentes, de natureza doméstica e sentimental.
Encontram necessidade em ter apoio de outros e tem grande tendência a lamúrias e reclamações por falta de confiança em si mesmo. Também são um pouco pessimistas por terem a ausência do fogo como elemento.
Dependendo da fase em que se encontram terão características diferentes: as mais jovens serão mais rápidas e afoitas, as mais velhas já sábias e tolerantes, sempre poderão ser resmungonas, mas todas serão muito vaidosas.
Primam pela paz e se esforçam para não entrarem em discussões ou conflitos diretos com os outros, dessa forma podem se deixar comandar por terceiros. Preferem contornar sutilmente um obstáculo a enfrentá-lo diretamente, por isso mesmo, são muito persistentes no que buscam, tendo objetivos fortemente delineados.
As filhas de Oxum ressaltam a beleza de nosso interior e nos ensinam o caminho para trazê-la pra fora, pra nosso cotidiano, nosso mundo real, cultivando a doçura, o amor, prazer, prosperidade e abundância pras nossas relações e nosso meio.
São amorosas, delicadas, sensíveis, cuidadosas, charmosas, porém também perfeccionistas, ciumentas, tendem a ser fofoqueiras, possuem dificuldades em esquecer as mágoas e podem ser vingativas.
Gostam da vida social, festas e dos prazeres em geral.
Chacras
Oxum se relaciona ao chacra cardíaco, que controla o coração e a circulação. Sua energia vem do sangue e dos fluídos do corpo. Podemos fazer uma analogia com a circulação das águas e a circulação do sangue. Os rios assim como o sangue percorrem todos os lugares, então é tradução de vida, pois alimenta os seres humanos, assim como o sangue alimenta o feto.
Todos os chacras atuam em harmonia e possuem relações entre si.
A força do amor (cardíaco) estimula os outros chacras a se reforçar em suas próprias forças e energias e estabelecer o equilíbrio do corpo. Quando ele é ativado abre novas possibilidades, abrindo nossa sensibilidade, nossa compaixão, nos tornando mais intensos em nossos sentimentos, reforçando o amor em todos os sentidos e direções.
Se o cardíaco estiver bloqueado não sentimos o amor em sua plenitude, assim bloquearemos também nosso emocional, reforçando sentimentos de frieza, egoísmo, solidão e apatia em relação aos outros, abrindo a porta para as doenças.
Características
Elementos de compõem a oferenda
Fita roxa, 07 velas roxas,uma cumbuca branca com água da cachoeira, pemba roxa, alguidá para comida, canjica branca, arroz-doce com mel ou canela, pudins, manjares, frutas tais como cereja, maçã, pera, goiaba, framboesa, melancia; figo, pêssego, taça de vidro, champanhe branca, taça
Lenda
Oxum era a filha preferida de Orumilá. A menina dos olhos de seu pai. Quando a menina nasce, seu pai lhe deu as águas doces e cachoeiras para governar. Deu-lhe a benção sobre as mulheres, a fertilidade, o cuidado sobre o feto. Oxum cresceu bela, meiga e mimada. Tinha o coração doce, mas cheia de vontades. Quando estava na idade de se casar, os pretendentes logo apareceram às portas de Orumilá.
O primeiro foi Oxossi, o caçador. Ele trouxe lindas peles, animais e abundância. Orumilá achou que a filha seria feliz com um homem que proveria a mesa e era um grande caçador. E Oxum foi entregue a Oxossi, indo com o noivo para a sua floresta. Em pouco tempo Oxum estava triste e deprimida. Oxossi era forte, belo, vigoroso. Mas vivia pelas matas, buscando mais e mais troféus para os seu salão de caça. Além disso, Oxossi era de modos rudes e não oferecera sequer um pente e um espelho à noiva. Chorando, Oxum mandou recado ao pai que encerrou o noivado.
O segundo pretendente foi Ogum. O grande general, o senhor dos exércitos de Oxalá. Era também um grande ferreiro. Orumilá pensou que com melhor guerreiro, Oxum estaria sempre protegida. Assim, mandou a filha ir passar um tempo com o noivo. Ogum também era forte, jovem, belo. Mas só pensava em guerra, estratégias, seus exércitos e suas espadas; era grosseiro e ríspido com Oxum e reclamava de sua vaidade que considerava um desperdício de tempo. Oxum chorou mais uma vez e o pai a trouxe de volta.
Os pretendentes continuavam a chegar, mas Oxum recusava todos com medo de sofrer novamente. Um dia um homem pediu abrigo às portas de Orumilá – era pobre, um andarilho. Orumilá iria dispensá-lo, porém Oxum compadeceu-se do peregrino e pediu ao pai que o recebesse. O homem banhou-se e ganhou roupas limpas, comeu, bebeu, descansou. Em agradecimento, fez uma trova que dedicou a Oxum. Quando a princesa ouviu, ficou encantada e mandou chamar o andarilho. O homem lhe recitou mais versos, contou-lhe histórias, até penteava os cabelos de Oxum, enquanto lhe cantava trovas. Um dia, o peregrino precisou ir embora. Oxum chorou, implorou ao pai que impedisse a partida do homem, contudo Orumilá não podia prendê-lo, sendo que nada de mal fizera.
Oxum chorou muitas noites, olhando a lua, sentindo falta do humilde trovador. Orumilá, querendo ver a filha esposada, cansou-se do choro de Oxum e mandou reunir os melhores partidos para que a filha escolhesse um marido. Orumilá deu uma grande festa, mas Oxum, amuada em seu canto, não comia nem sorria, não queria saber de ninguém. Então, Orumilá exigiu que a filha escolhesse seu marido logo, ou então, ele, seu pai, o faria. Oxum, tremendo, olhava por entre os homens e nenhum deles a agradava. Eram ricos, poderosos, alguns até belos e fortes, mas nenhum lhe falara ao seu coração. Então ela viu entre os convivas o andarilho trovador. Oxum correu até o homem, levou-o até ao pé do trono de Orumilá e pediu que cantasse.
O andarilho cantou, declamou lindos poemas, todas para Oxum. A princesa, em lágrimas, disse ao pai que ele era o marido que ela desejava. Orumilá, os convidados e toda a corte riram, onde já se vira a filha do rei casar com um mendigo! Oxum insistia, defendendo o peregrino contra o desdém dos demais.
Então um grande trovão soou e o peregrino foi atingido por um raio. Para grande surpresa e espanto de todos, o mendigo transformou-se em Xangô, o senhor da Justiça, o maior juiz de Iorubá. Orumilá perguntou-lhe por que ele não se apresentara como realmente era desde o início. Xangô explicou que não queria apenas o corpo, nem o dote de Oxum, queria uma mulher que fosse justa como ele, por isso, disfarçou-se de andarilho, preferindo conquistar o coração da mulher pela arte e sensibilidade. Ele agora tinha certeza de que Oxum era a sua rainha verdadeira, pois ela o amava por suas qualidades e não por sua realeza ou dotes físicos.
Orumilá abatido pela sabedoria de Xangô deu-lhe a mão de sua filha. Xangô levou Oxum para o seu reino, em Oyó, onde ela foi coberta de carinhos dengos, sedas, doces e brinquedos. Xangô cumulou-a de bondade, amor e mimos e tornou-a também a rainha do ouro, da prosperidade.
Oxum nunca mais chorou de tristeza, só de emoção, e aprendeu a cantar todas as trovas de Xangô, a quem jamais deixou.